Valium

Se o problema é insônia, aumente a ação do ácido gama animobutírico no cérebro.

Elvis e Michael sofriam de insônia. Como quase todos os famosos. Como grande parcela dos moradores de Moema, rota de aviões que operam em Congonhas. Como a quase totalidade dos pais que esperam os filhos voltarem da balada. Como quem está no estresse 24 horas por dia. Como quem está ansioso para a chegada do amanhã. Sabe aquele vira-desvira na cama? As olhadas de canto de olho no relógio, iluminado pela lua? Duas e pouco da manhã. Três. Três e quinze. Quatro. Isso é insônia, rapá! Mas, como evitar?

Ler te dá sono? Isso é um desrespeito ao livro que está em suas mãos, isso sim! O ideal é sudoku. O leite que mamãe levava na cama. Suco de maracujá. Documentário sobre a vida de uma ameba. Camomila. Carneirinhos. Valium! Com a morte de Jackson, muita coisa veio à tona; descobrimos que o Rei do Pop, para dormir, tomava anestesia geral. E, mais que isso: com essa mania de querer comparar rei com rei - isso, Elvis com Jackson e vice-versa -, descobrimos algo a mais, além da coroa: como reis que prestem, ambos sofriam de insônia. E até remédios ornavam na farmácia pessoal deles: o Valium, "tranquilizante do grupo dos benzodiazepínicos".

"Não durmo, nem espero dormir / Nem na morte espero dormir" foram algumas das palavras de Álvaro de Campos, no poema Insônia. Acho que dessa vez o heterônimo de Fernando Pessoa estava errado. Só agora, na morte, é que os reis estão dormindo de verdade. E sem simpatias ou drogas. O remédio infalível foi o sossego.

Que sirva de exemplo o que disse "ipl" aqui: "Elvis e Michael Jackson são ambos muito talentosos. Ambos cometeram erros em suas vidas, e quem somos nós para julgar. Vamos olhar para o bom nas pessoas e focar nisso". Cuidar demais da vida dos outros cansa. Somar o que cada um contribuiu para aumentar o nosso conhecimento é mais agradável. E Elvis Aaron Presley e Michael Joseph Jackson estarão sempre nesta calculadora da história da música.