sábado, 22 de agosto de 2009

Caubóis do agora


Estive pensando nisso há algum tempo: e os caubóis do agora, século XXI, onde estão e quem são?

Nos patamares nacionais, os caubóis já foram comparados aos cangaceiros nordestinos. A fase do faroeste brasileiro dá-se principalmente através da figura mais pop do cangaço: o Lampião. Uma diferença básica que muitos especialistas enxergam, ao comparar o faroeste e o cangaço, é o nível da violência; para muitos, além de ser descrito como bandido, o cangaceiro representava uma violência muito mais explícita e sem distinção: estava presente tanto na caça como no caçador. Em contra partida, ambos, cangaceiro e caubói, sempre tiveram a figura da mocinha, ainda que também combatente – como o caso da Maria Bonita e da Calamity Jane -, e da mulher do momento, em constante mudança, de cidade em cidade. Ou ainda, o caso mais raro de Josie, esposa de Wyatt, menos sanguinária e mais apaixonada.

Mas isso foi no século passado...

Quero notícias do caubói do presente imediato. Ele possui no bolso da guaiaca uma arma com algum ideal político? Ou esse ideal nunca existiu claramente, desde os primórdios da independência americana? O caubói fora-da-lei (o que paralelamente pode incluir também o cangaceiro) possui muito da ideia da justiça pelas próprias mãos; o vaqueiro e o peão brasileiro, somada às diferenças culturais de raízes caipiras, ainda dão muito a entender uma vida tranquila nas fazendas do interior.

Em uma situação hipotética, em meio ao colapso de problemas modernos que temos notícias todos os dias, de que lado será que estariam os caubóis? Aquele habilidoso pistoleiro, justiceiro, lutaria por causas sociais, políticas, ambientais? Lutaria pela justiça no nosso país?

Bem pouco provável. Se é, ainda, que o caubói, em algum momento esteve engajado em algum bem para a nação. Com um mundo nômade e particular com leis próprias, poucos caubóis se estabeleciam em um lugar só. Pouco se enraizava na cidade em que ficava por temporadas breves.

Esta talvez seja a diferença dos nossos caubóis de Barretos para os americanos. Os caubóis americanos, dos índios apaches e agitação dos saloons dão a impressão de uma vida mais aventureira e desbravadora do oeste.

Mas uma dúvida ainda fica. Por mais que os caubóis agissem de maneira independente e jamais tivessem formado um movimento político ou social, até que ponto a concepção da “justiça pelas próprias mãos” pode estar correta? Ou será que ela nunca existiu propriamente dita?

Talvez os rastros de Virgulino estejam cada vez mais se afastando dos de Wyatt e as lendas do oeste.

2 comentários:

Fernando disse...

Olá dupla do Ilusthobias!
Em Junho desse ano tuve um trabalho de história com o seguinte tema: "Do Caipira ao Country" e a gente montou um documentário que mostra as raízes e influências que a cultura brasileira sofreu.
No blogue tem alguns textos também que falam sobre isso (se bem que o doc é menos doloroso)

Filme:
http://www.youtube.com/watch?v=bFLg9yn6BKM
Textos:
http://quidquidd.blogspot.com/search/label/Ensaios

Até mais!
Fernando, do Quidquid

Camilla Wootton Villela disse...

Fernando,
Que material delicioso! Já conhecia alguma coisa do documentário e me encanto sempre em ver qualquer coisa dessa cultura brasileira ímpar. Darcy Ribeiro então, nem se fala... Fera! Possui textos maravilhosos. Parabéns pelo trabalho.
Beijo enorme,

Camilla, do Ilusthobias, haha, não resisti em te imitar :p