domingo, 24 de janeiro de 2010

Ser tão...

Tão...
Tão...
Tão...
Sertão brasileiro?!



Até hoje não sei explicar o aperto que me deu quando li, pela primeira vez, Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
Qual seria o motivo daquele apego que senti por aqueles sertanejos? Por que Fabiano, alguém que mal sabia dizer se era homem ou bicho, me angustiou e encantou? Por que do sentimento de querer proteger o menino mais velho, o menino mais novo, a Baleia, a Sinha Vitória?
_
Talvez, todos nós nos sentimos um pouco sertanejos: abandonados.
Talvez, todos nós nos sentimos ainda mais sertanejos: esperançosos.
_
As características geográficas do sertão brasileiro são peças importantes para essa sub-região do nordeste ser o que é. Seu clima semi-árido e constantes secas provocam intenso êxodo. A renúncia forçada pela terra - o abandono - é a expectativa de uma vida mais humana (menos de bicho, como a de Fabiano). Ter esperança. Esperança de sentir uma nova chuva, de sentir o começo de um novo recomeço. Esperança, dos que ficaram, em um dia serem vistos e amparados. Olhados, quem sabe, pela Geração de 30.
O que é ser tão brasileiro?
É ter saudades
_______________ dos que foram;
é ter esperança
_______________ em ver a paisagem voltar a ser verde.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Jardim II

Em uma manhã que ainda manifestava-se, o jovem rapaz de setenta e poucos anos despertou terras que há tempos não revirava. Voltou a ver capitão com gancho no lugar de mão, cavaleiro com espada enfrentando perigo, vampiro com capa e dente afiado. Era como voltar à Pasárgada de Manuel Bandeira. Ao Jardim do Éden de Eva e Adão. À terra com palmeiras e canto de sabiá de Gonçalves Dias. O jovem rapaz enfim voltou aos territórios que hoje são motivo de saudosismo.
Que saudades ele tinha do Jardim II!




Peraí, os desenhos não foram feitos por mim, no atual estágio da minha vida! Foram feitos pelo desenhador, nos bons tempos da infância :) Pois é, que época boa!
O que acharam? Gostaram da surpresa?

domingo, 17 de janeiro de 2010

Ecoline










Mais dos encantos da tinta mágica Ecoline. O primeiro desenho, segundo o desenhador, veio mais como uma zuação, que tentei traduzir como uma falta do que fazer ou, melhor, excesso de ócio e imaginação: sem rascunho, sem lápis por baixo, sem (ou com?) nada, só o pincel e a tinta. Daí para os dois seguintes foi um pulo...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Dar cor

"Dupla delícia: o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado" (Mário Quintana, Do Carderno H)
Maratona para os olhos é a leitura. Já pensou quanto que o globo ocular corre sobre as palavras, enquanto lemos? Lembra o movimento das quase póstumas máquinas de escrever: vaaaaai e (plim!) vem! Vaaaaai e (plim!) vem! Vaaaaai e (plim!) vem!

É preciso prática para descer até a próxima linha. Só olhos experientes seguem para a linha de baixo sem ao menos dar uma olhadela na linha de cima. Você já leu a linha de cima pensando que fosse a linha de baixo? Quando criança, sempre seguia as linhas com os dedos, mas a tia da escola não gostava. Dizia que era feio. E, ainda naquele tempo, meu sonho era ler como o Etevaldo. Como ele conseguia ser tão rápido?

Mas hoje acho besteira; bom é aproveitar ao máximo a temporada ao lado do livro. Ler bem devagar, pau-sa-da-men-te, antes que ele acabe. Afinal, tudo que é bom dura pouco e o tête-à-tête com as letras não é diferente. Como o léxico deitado em uma folha pode transformar-se em coisas tão belas? Boas histórias têm disso: dão cor; mas não precisam ser grandes aprendizados. A simples distração já é um elemento fundamental para a leitura.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Always on my mind!




















Hoje, 8 de janeiro, o Rei do Rock Elvis Presley, completaria seus 75 anos. Ele foi e ainda é, para muitos, o astro que encantou o mundo criando um novo estilo musical, composição mista de blues e country, o dançarino espetacular, que arrasava nas pistas mexendo a pélvis, por isso criada a expressão “Elvis the pélvis”, ou o homem sedutor que encantava as menininhas com seu charme e beleza, vindos dos olhos claros e costeletas grossas.
Mesmo morrendo prematuramente, Elvis nunca deixará de ser ouvido, sempre estará presente nos corações dos jovens que ainda se divertem nos bailes que recordam a magia dos anos 60.
Elvis Presley foi, e sempre será um ídolo vivo em nossas vidas.
Até mais ver parceiros!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Real? Irreal?


Por que nos filmes é sempre assim? Hoje eu acordei com essa dúvida; a mocinha é "roubada" (nos tempos atuais, caberia facilmente um "sequestrada") pelo vilão, ela grita, esperneia, chora e implora por socorro. Ele, o vilão, a chantageia, diz que a matará. E eis que surge o mocinho, lindo, por vezes, sem uma gota de suor, armado, dizendo palavras firmes de positivismo. Ele, o mocinho, ofende o bandido, diz coisas terríveis mesmo. Rola um tiro, uma porrada, alguma cena de violência. O mocinho salva a mocinha. Eles se beijam e o filme acaba.
Não parece bobo? Diria até óbvio. Rotineiro. Até em novela vemos isso.
_____ O dia-a-dia do vilão é isso: ter cara de mau, barba por fazer, muito ódio no coração, inveja do mocinho.
_____ O dia-a-dia da mocinha é isso: ser bonita e penteada, usar um vestido rosa rodado, maquiagem, amar o mocinho.
_____ O dia-a-dia do mocinho é isso: ser bom por natureza, amar a mocinha, ir atrás da justiça, ser o herói.
Quanta bobagem, irrealidade. Olhemos em volta. Foquemos no nosso cotidiano.
...
...
...
Ihh... O faz de conta é muito mais interessante!
E melhor ainda é poder contar com ele ao sairmos da nossa realidade. Quem não gosta?

domingo, 3 de janeiro de 2010

Como um sopro

Algum segredo.
Era o que parecia alimentar aquele curioso homem que deu as caras no parque. O presente era de calor, de vento, sei lá. Não lembro muito. Mas recordo-me bem de seu casaco, que agia em completa discórdia com aquele clima. Não falo apenas do clima que estudamos na Geografia, daqueles que vemos previsões todos os dias no noticiário. Falo do clima do ambiente, aquele que sentimos, talvez, com o coração. O cenário em volta era de alegria. Afinal, é o que se espera de um parque, sempre cheio de criança gritando, sujando-se de barro e sorvete, torrando a paciência dos pais e das babás, de uniforme impecável, sem um amassado. O homem, na verdade, representava melancolia.
Chegou ao parque apressado, parecendo que estava buscando algo. Eu não sabia o que ele procurava, e acho que nem ele sabia ao certo. Mas sinto que depois entendi. O homem veio feito um furacão, carregando o mundo nas costas. A aparência que dava é que tinha armazenado um ano inteiro de problemas; de decepções; de derrotas. Usava óculos escuros, mas o pouco de sua face descoberta não me enganou: o traço reto que os lábios faziam, enfiados para dentro da boca, sendo mordidos pelos dentes de uma boca triste, os buracos formados no queixo, na testa; sim, ele estava chorando. Chorava uma angústia guardada, que esperou até a última gota que transbordou.
De ímpeto, tudo mudou e eu finalmente entendi e achei, junto com o homem, o que ele inutilmente procurava. O tempo, uma breve transformação, quase imprevisível, mudou intensamente. As massas de ar deslocaram-se. Árvores, folhas, casacos, crianças, sorvetes, todos loucamente elevaram-se nos ares. Não era uma brisa, nem comuns ventos alísios. Era uma forte corrente, um redemoinho, ciclone quem sabe!
O homem levantou a cabeça, olhou para o nada. Calmamente, pude ver toda aflição ir embora, voar junto com o vento. Enquanto as rajadas atingiam violentamente corpos, no homem ia com leveza. Entendi qual tinha sido o remédio para tanto desprazer. Foi o reencontro. Daqueles que renovam, que te fazem capaz de tudo, que te deixam do tamanho de sonhos não realizados. O cara-a-cara que há muito não acontecia, que o deixou limpo. E solto. A Ventania, uma antiga paixão que surgiu como um sopro e desmanchou um segredo; ela, um amor de sempre, foi a solução de todo aperto que sufocou aquela tarde.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Dez!


2010, o Ano Internacional da Biodiversidade. O ano em que ocorrerá a Copa, na África do Sul. O ano das eleições presidenciais. Será um ano agitado; mas a boa notícia é que está cheio de feriado durante a semana. Êh Brasil!

Bom ano a todos! Se o zelarmos direitinho, temos certeza de que ele será dez!